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domingo, 23 de janeiro de 2011

"O Tempo"


Acabam-se os anos, os meses, as horas.
Acabam-se as forças, as lembranças, a fortaleza.
O tempo acaba, apaga riquezas e fama.
O tempo é amarelo de cor, tudo desbota.
E corroem feitas as traças da gaveta.
Alimenta-se de juventude, carne, dentes e memória.
O mesmo tempo de si chora e ri em glória.

O tempo torna claro o dia e escuro o dia torna.
Transforma em nada qualquer desilusão,
Qualquer ingratidão, qualquer tristeza em nada.
O tempo rompe estreitos, ligações e consistências.
Busca e finda, encontra e existe numa linha tênue sem curvas ou obstáculos.
O tempo é implacável, carrasco, indigesto!

Me acha onde moro, onde me escondo.
Onde não quero ser encontrada.
O tempo é iniludível, frio, desalmado.
Acaba com qualquer aspereza, qualquer dureza,
Mas não pode acabar com a tristeza de ver-me o rosto flácido.
É inútil seu prazer e em vão meu choro triste.
Quando o peito bate em estalos, feito golpes de machado.



O tempo vem como tempestade,não poupa dor sequer.
Mas de abrandar o tempo estou segura, nada há o que se fazer.
Desesperança e agonia pelos anos esquecidos, pela vida já vivida.
O tempo torna claro o dia e escuro o dia torna.
Em linha reta... Invisível... infalível... De magnitude incompreensível.
..
Tempo perdido, espaço inatingível entre mim e o outro tempo passado que daqui não posso ver.

Cruel e voraz o tempo se faz numa fome interminável e insaciável de espaços meus.
Retos ou tortuosos, íngremes ou incrustados, espaços que retratam as lembranças dos anos passados, alguns maus vividos, mas que me foram arrancados.


Em mim,um desejo ardente de deter-lo, exterminá-lo, torná-lo imóvel,inexistente,entretanto não sei como fazê-lo!
Queixo-me, pois que o tempo roubou-me o viço, a empáfia, a vaidade, a audácia, a altivez e a coragem de envelhecer.



Jaque

24/01/2011