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quinta-feira, 10 de fevereiro de 2011

"Carta a uma amiga"


"Ainda que eu ande pelo vale da sombra da morte, não temo mal algum. A Tua vara e o Teu cajado me protegem"


Vizinha, já fez às contas de quantos anos a gente se conhece?
32 anos!
Temos algumas coisas em comum e muitas diferentes.
Mas, isto não influi no bem querer.
Sabe uma coisa que ambas vivemos e nem todos tiveram este privilégio?
Corremos soltas pelos campos como umas cabritas arteiras.
Eu sempre me senti uma criança livre!
A razão do que agora escrevo, não tem nada a ver com as nossas vidas, tem apenas com o fato de que ambas passamos por momentos difíceis.
Nestes últimos meses, por duas vezes eu quis desistir.
Brincando (ou não), a senhora disse que via uns monstrinhos lhe chamando.
Creio que são as Parcas, figuras da mitologia Grega: Clotocas, Laqueses e Atropos, que fiavam, dobravam e cortavam os fios da vida humana.
Mande-os embora!
Eles vão e voltam, mas a gente os espanta!
Nestas minhas horas difíceis vislumbro pequena pradaria ao fundo, vejo o que nos pampas chamamos capão.
Na frente do capão há algumas moitas por trás das quais se escondem criancinhas lindas todas de cabelos curtinhos e encaracolados.
Elas me chamam e se escondem!
Sorriem sempre...
Não sei o que tem por detrás das moitas.
Mas ainda não é desta vez que vou verificar.

Vizinha

Data: A dez anos atrás.

Ainda viva, em tratamento de quimioterapia uma amiga querida escreveu este texto para a vizinha e amiga de muitos anos.

Capão=mato isolado no meio de um descampado

Contribuição de Carmen Ary Ferreira 
Texto de Cléa Ziebell Ary

"Canto "




Canta sereia!
Que quando tuas iguais te acompanharem, farão com que os homens tudo parem...
Para como meninos aplaudirem na areia a beleza da vida na beira do mar.

Anônimo 

Quem dera pudesse eu cantar e encantar feito sereia...
E no meu caminhar encontrar minhas iguais.
O mundo nos reconheceria e sonharia com a beleza...
Com a simplicidade da vida a beira mar.

Jaque

10/02/2011


"Velho Troglodita"


Quem disse que de um coração troglodita eu não extrairia poesias e canções?
Quem disse que em meio à rudeza das tuas ações não encontraria candura?
Quem imaginaria que suas rimas ecoariam como presentes em meu coração?

Certas são tuas palavras! 
Suaves como a brisa que sinto passar!
Quem dera poder ouvir-las todos os dias,
Confortar me- iam em momentos de inadequação.
Dias em que não me acho,nem arranco a dor com a mão.

Quem disse ao mundo que os trogloditas não sabem amar?
Quem foi que disse que não sabem rimar?
Eis me aqui testemunha oclusiva da tua poesia!
Mesmo rude "velho troglodita" tuas palavras conseguem encantar!

Jaque

08/02/2011