Pesquisar este blog

sábado, 1 de janeiro de 2011

"Gralhas , Grilos e Grilhões"

  


As gralhas não falam...
Apenas riem de nós e de nossos pecados.
Pousam aos berros em nossos frágeis telhados.
Trazendo presságios a nos assustar.

As gralhas são agourentas...
Negras ...barulhentas ...
Pousam em nossos pensamentos, sugerindo acontecimentos, quais tememos a todo custo evitar.

As gralhas gargalham, riem de nós e de nossos medos.
Sobrevoam-nos como nuvens carregadas de uma cor que não há.
São nossos fantasmas ,nossos rabos presos a nos atormentar.
Alçam longos vôos , mas voltam sempre a nos infernizar.

As Gralhas voam em bandos a nos observar,lembrando-nos que nossos
vôos jamais serão livres,nem livres serão nossos pensamentos.
Gralhas, grilos, grilhões, grutas escuras de uma cor que não há.
Como a ave agourenta que insiste em nos assombrar.

As gralhas não falam,gargalham ,sussurram ,sugerem...
Reavivam nossos demônios, quais tentamos exorcizar.
Grilos, grilhões e prisões são como gralhas negras, sugerindo o medo que não há, mas que insiste em nos habitar.

Jaque

01/01/2011

" Escrevo o que sinto"


     "Clarice Lispector  diz :"Eu não escrevo o que quero, escrevo o que sou." 


Eu escrevo o que sinto...Sobre tantas que sou.
Às vezes escrevo sobre as que não sou!
Não penso quando escrevo, apenas mecho e remexo nos sentimentos os sinto e me deixo levar!

Assim entrego-me ao desconhecido ,ao mundo dos sentimentos não vividos,dos prazeres que encantam-me e renovam-me a cada palavração!
Descubro caminhos jamais vistos,
invento novas histórias e faço composições,
alguns chamam de invenções!
Descubro-me e cubro-me de inspiração!

Hoje perdi minha inspiração sem máscaras!
O meu mais indecente estímulo!
"O prazer dos prazeres" , o de girar o mundo e perder o rumo.
Prazer dos boêmios, dos poetas loucos, dos vagabundos dos becos dos botecos das madrugadas.

Minhas palavras perderam os giros, os rodopios de minha sã embriaguês.
Lucidez me faz pensar!
Não quero mais pensar!

Quero beber a vida gole a gole bem devagar!
Goles gelados, desses ardem a garganta e lacrimejam os olhos!

Sou assim...Irresponsavelmente boêmia.
Sensivelmente apaixonada,indiscutivelmente alucinada.
Poeta das palavras loucas, de versos rimados, dos poemas tolos, toscos, embaralhados.
Vivo em saltos e sobressaltos, escrevendo fatos e descrevendo acasos!

"Mas de uma coisa eu sei...
Preciso que me embriagueis sem cessar!
De vinhos, de poesias ou de virtudes, como achardes melhor.
De preferência sem tréguas, contanto que me embriagueis de vida de luz e de versos assim como já dizia Charles Baudelaire"


Jaque

01/01/2011

"Correr riscos"



Rir é correr risco de parecer tolo.
Chorar é correr o risco de parecer sentimental.
Estender a mão é correr o risco de se envolver.
Expor seus sentimentos é correr o risco de mostrar seu verdadeiro eu.
Defender seus sonhos e idéias diante da multidão é correr o risco de perder as pessoas.
Amar é correr o risco de não ser correspondido.
Viver é correr o risco de morrer.
Confiar é correr o risco de se decepcionar.
Tentar é correr o risco de fracassar.
Mas os riscos devem ser corridos, porque o maior perigo é não arriscar nada.
Há pessoas que não correm nenhum risco, não fazem nada, não têm nada e não são nada. Elas podem até evitar sofrimentos e desilusões, mas elas não conseguem nada, não sentem nada, não mudam, não crescem, não amam, não vivem. Acorrentadas por suas atitudes, elas viram escravas, privam-se de sua liberdade. Somente a pessoa que corre riscos é livre!
.
Sêneca -orador romano, 55 a.C. – 39 d.C

"Meu amigo Mario"



"O amor é quando a gente mora um no outro".


Das utopias

Se as coisas são inatingíveis... ora!
Não é motivo para não querê-las...
Que tristes os caminhos se não fora
A mágica presença das estrelas!

Mario Quintana - Espelho Mágico

Fere de leve a frase... 
E  esqueçe.                                                                                                            Nada convém que se repita...
Só em linguagem amorosa agrada,
A mesma coisa cem mil vezes dita.

Mario Quintana


Ah! Os relógios

Porque o tempo é uma invenção da morte:
não o conhece a vida - a verdadeira -
em que basta um momento de poesia
para nos dar a eternidade inteira.

Mario Quintana - A Cor do Invisível


O Silêncio

A convivência entre o poeta e o leitor, só no silêncio da leitura a sós, a dois. 
Isto é livro e leitor.Este não quer saber de terceiros, não quer que interpretem que cantem, que dancem um poema.O verdadeiro amador de poemas ama em silêncio...

Mario Quintana - A vaca e o hipogrifo


O trágico dilema

Quando alguém pergunta a um autor o que este quis dizer, é porque um dos dois é burro.
Mario Quintana (Caderno H)


 Os poemas

Os poemas são pássaros que chegam não se sabe de onde e pousam
no livro que lês.
Quando fechas o livro, eles alçam vôo como de um alçapão.
Eles não têm pouso nem porto;alimentam-se um instante em cada par de mãos e partem.
E olhas, então, essas tuas mãos vazias,no maravilhado espanto de saberes
que o alimento deles já estava em ti...

Mario Quintana - Esconderijos do Tempo


Seiscentos e sessenta e seis


A vida são deveres que nós trouxemos para fazer em casa.
Quando se vê, já são 6 horas: há tempo...
Quando se vê, já é 6ªfeira...
Quando se vê, passaram 60 anos...
Agora, é tarde demais para ser reprovado...
E se me dessem - um dia - uma outra oportunidade,
eu nem olhava o relógio.
seguia sempre, sempre em frente ...
E iria jogando pelo caminho a casca dourada e inútil das horas.

Mario Quintana ( In: Esconderijo do tempo)


Simultaneidade

Eu amo o mundo!
 Eu detesto o mundo!
 Eu creio em Deus!
 Deus é um absurdo!
 Eu vou me matar!
 Eu quero viver!
Você é louco?
 Não, sou poeta.

Mario Quintana - A vaca e o hipogrifo (Poesia Completa, p. 535)


01/01/2011